Ataques violentos a escolas no Brasil: o que fazer?

Texto originalmente publicado por Carlos Felipe dos Santos em 06/abr/23.
Disponível em https://medium.com/p/ee72d24f4f8f
Tempo de leitura: 3 min.

Eventos com atiradores ativos, uma característica de países desenvolvidos como os EUA, tem se tornado uma realidade no Brasil. Somente nesse começo de 2023, tivemos ao menos 4 ocorrências, sendo a último em Blumenau, SC, onde um homem invadiu uma escola particular e matou 4 crianças com golpes de machadinha. Como resposta, o Ministério da Justiça anunciou a liberação de R$ 150 mi para melhorar as Rondas Escolares de todo o país.

É fato que a polícia precisa ser melhor treinada e equipada, porém, esta resposta, isoladamente, não será efetiva, visto que diversos especialistas do Brasil e de outros países apontaram que uma resposta focada apenas na neutralização da ameaça não reduz eventos do tipo. Aliás, cabe lembrar que nos EUA, em 2012, um ataque ocorrido em uma escola de Newtown, CT, onde um atirador matou 24 pessoas, das quais 20 eram crianças, fez com que agências governamentais e representantes da sociedade civil discutissem o que poderia ser feito para reduzir o número de vítimas e, dentre as propostas, foi apontada a necessidade de criar um programa de treinamento para capacitação em controle de hemorragias, afinal, está bem consolidado que o sangramento é a causa número um de morte evitável no trauma penetrante.

Em 2018, o então presidente da República Michel Temer (MDB) sancionou a lei federal 13.722, conhecida como Lei Lucas, a qual torna obrigatória a capacitação em primeiros socorros dos profissionais que atuam em escolas, sejam elas públicas e privada. O que tem se visto, de lá pra cá, ainda é muito pouco perto do que precisamos. Poucas cidades regulamentaram lei similar, o que deixa as escolas vulneráveis.

Para encarar essa realidade é necessário, portanto:

- treinar os educadores na prestação de primeiros socorros, em especial, no controle de hemorragias;

- preparação para respostas à eventos do tipo (treinamento ALERRT) para as polícias estaduais e guardas municipais;

- ensino dos procedimento ALICE para a comunidade escolar (vide abaixo);

- disponibilizar psicólogos em todas as unidades escolares a fim de identificar possíveis ameaças e auxiliar na mitigação dos riscos, assim como já disposto na lei federal nº 13.935/2019;

- e o principal: a imprensa parar de dar publicidade à estes eventos, o que incentiva ainda mais.

O que fazer diante de uma ameaça?

A fim de preparar a sociedade para lidar com eventos com atiradores ativos, além do programa Stop the Bleed, que visa capacitar o maior número possível de pessoas para reconhecer e tratar uma hemorragia externa grave, aumentando as chances de sobrevivência, surgiu a iniciativa ALICE, a qual condiciona o comportamento de indivíduos para fazer tudo o que for possível para resguardar a si e a outros durante uma ameaça ativa até a chegada das forças de segurança. 

O que significa o acrônimo ALICE?


(A)LERTA: 

É quando você toma conhecimento de uma ameaça. Quanto mais cedo você entender que está em perigo, mais cedo poderá se salvar. Uma resposta rápida é crítica. Os segundos contam.


(L)OCKDOWN: 

Faça uma barricada na sala. Prepare-se para EVACUAR ou ENFRENTAR, se necessário.

Se a EVACUAÇÃO do local não for uma opção segura, bloqueie os pontos de entrada do local em um esforço para criar um ponto de partida semi-seguro.


(I)NFORMAR:

Comunique a localização e a direção do intruso violento em tempo real.

Situações envolvendo atiradores são imprevisíveis e evoluem rapidamente, o que significa que informações contínuas e em tempo real são essenciais para tomar decisões de sobrevivência eficazes. As informações devem ser sempre claras, diretas e em linguagem simples, sem o uso de códigos.


(C)RIAR RUÍDO (COUNTER - ENFRENTAR):

Crie ruído, movimento, distância e distração com a intenção de reduzir a capacidade do atirador de atirar com precisão. Enfrentar não é lutar.

O ALICE Training não acredita que enfrentar ativamente um intruso violento seja o melhor método para garantir a segurança dos envolvidos. O contra-ataque é uma estratégia de último recurso.


(E)VACUAR o local:

Quando for seguro fazê-lo, retire-se da zona de perigo. A evacuação para uma área segura afasta as pessoas do perigo e, com sorte, evita que os civis tenham que entrar em contato com o atirador. 

Tornar a comunidade à nossa volta mais segura é um papel de todos nós. Compartilhe com seus amigos para que mais pessoas possam aprender.



Erramos? Reporte agora.