Rio Grande do Sul: saiba identificar os sinais de leptospirose, a doença das chuvas
Texto originalmente publicado por Carlos Felipe dos Santos em 06/mai/24.
Disponível em https://medium.com/p/990f1e497ece Atualizado em 08/mai/24 às 15:04h
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O estado do Rio Grande do Sul vive o seu pior desastre natural: até o momento desta publicação, foram contabilizados 85 mortos, 111 desaparecidos e 291 feridos. Quase 900 mil pessoas foram afetadas de alguma forma.
Segundo a Defesa Civil Estadual, 450 mil pessoas estão sem energia elétrica e outras 750 mil estão sem água. Em Porto Alegre, o prefeito anunciou o desligamento da bomba que abastece o centro da cidade devido o risco de acidentes envolvendo choque elétrico. E a situação parece estar longe de acabar, afinal, a previsão é de que a enchente dure mais 10 dias, pelo menos.
Enchente na cidade de Encantado, no Vale do Taquari.. Imagem: Mateus Bruxel/Agência RBS
Infestação de baratas e ratos
Como era de se esperar, as enchentes que atingem diversas cidades gaúchas propiciam a infestação de baratas e ratos. Segundo relatos de moradores de Porto Alegre, os animais estariam deixando o subsolo inundado para se abrigar em locais secos. Com isso, o risco para doenças como leptospirose aumenta, e é importante saber reconhecer os sinais.
Doença das chuvas
A leptospirose é uma infecção transmitida pela bactéria Leptospira spp., sendo encontrada principalmente na urina de roedores, como os ratos. Apesar de ocorrer em qualquer fase do ano, é muito mais prevalente durante os períodos chuvosos, já que, com os alagamentos, a água e a lama acabam levando a urina contaminada dos esgotos e bueiros para a superfície, fazendo com que as pessoas tenham contato com o micróbio. Por isso, é conhecida como a doença das enchentes.
Os ratos são os principais transmissores da doença. Imagem: Pixabay.
A doença leva cerca de 2 a 30 dias para se desenvolver e a vítima nem sempre apresenta sinais e sintomas, que incluem febre alta, dor de cabeça e muscular, vômitos, diarreia e, às vezes, manchas pelo corpo. A hiperemia conjuntival (olhos avermelhados) costuma ser o achado mais característico da infecção.
Tratamento
Geralmente o paciente melhora após alguns dias sem nenhum tratamento específico, sendo indicado apenas o uso de medicamentos para alívio dos sintomas. Se identificada precocemente, o médico pode receitar antibióticos para evitar complicações.
Nos casos mais graves, a internação em UTI — Unidade de Terapia Intensiva pode ser necessária, assim como sessões de hemodiálise, em que o sangue passa por uma máquina para ser filtrado, já que os rins ficam prejudicados. O fígado e os pulmões também podem ser afetados. A letalidade da leptospirose é em torno de 10%.
Prevenção
Como você já deve ter percebido, andar pela enchente não é recomendado, já que este é um dos meios de contaminação pela doença, mas esta não é a única forma de prevenção.
Por se tratar de uma infecção transmitida principalmente pela urina de ratos, recomendam-se medidas como:
limpeza frequente de caixas d’água, bem como sua correta vedação;
limpeza dos locais afetados pela enchente, mantendo-se devidamente protegido por luvas e calçados de cano alto;
evitar acúmulo de lixo;
limpeza de terrenos;
desratização periódica;
Se você está em um dos locais afetados pela chuva e apresentar um dos sintomas listados, procure ajuda médica imediatamente. É importante ressaltar que a doença não é transmitida de uma pessoa para a outra.
Profilaxia
Não está indicada, para a população em geral, o uso de antibióticos como forme de se prevenir o desenvolvimento da leptospirose. Nota técnica divulgada no dia 5 pela Sociedade Brasileira de Infectoloia e a Sociedade Gaúcha de Incfetologia explica que tal procedimento está indicado apenas para pessoas que sofreram exposição prolongada à água de enchentes, como socorristas. Reforça, ainda, que a melhor forma de não contrair essa e outras doenças é evitar o contato com a água de inundações.
Em caso de algum sinal sugestivo de leptospirose, procure atendimento médico.
Outras doenças
Além da leptospirose, a população gaúcha esté sujeita a outras doenças comuns nesse período de chuvas. Cartilha do Ministério da Saúde lista e explica quais são.