Número de diabéticos está aumentando e preocupa especialistas
Texto originalmente publicado por Carlos Felipe dos Santos em 10/jul/23.
Disponível em https://medium.com/p/d50d143945d0
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Em 26 de junho foi comemorado o Dia Nacional do Diabetes Mellitus, momento em que a atenção se volta à esta doença metabólica que vem atingindo cada vez mais pessoas.
Estatísticas de 2022 da Organização Pan-Americana de Saúde mostram que, nos últimos 30 anos, o número de portadores de diabetes mais que triplicou nas Américas, e o Brasil é o 5º colocado no ranking global, com 17 milhões de diabéticos — e pode ultrapassar os 20 milhões até 2030.
Esses números já são preocupantes, mas a situação pode ser ainda pior, já que muitas pessoas têm a doença e não sabem. Por isso, ações de conscientização, prevenção e, sobretudo, detecção, são fundamentais para mudar esse panorama e garantir uma vida mais saudável.
O que é diabetes?
O diabetes é uma doença crônica caracterizada, principalmente, pela elevação dos níveis de açúcar na corrente sanguínea. Existem várias formas, mas as mais discutidas e prevalentes são a do tipo 1 e 2.
O tipo 1 está relacionado à um problema de produção de insulina e costuma surgir ainda durante a adolescência. Aqui, o sistema imunológico ataca as células produtoras desse hormônio, que estão localizadas dentro do pâncreas. Há, então, uma deficiência no transporte da glicose presente no sangue para o interior das demais células, causando a elevação dos níveis de açúcar no sangue.
Já o tipo 2 costuma aparecer mais tarde, e está relacionado diretamente à hábitos de vida não saudáveis, como alimentação rica em açúcar e sedentarismo. Nesse caso, ocorre uma resistência a insulina, e esta se torna ineficaz para o transporte da glicose para dentro das células, o que também eleva a taxa de glicose no sangue.
Dieta rica em doces e alimentos ultra processados originam o diabetes do tipo 2. Imagem: Leah Kelley.
Outros fatores como tabagismo, excesso de peso, pressão alta e, ainda, o histórico familiar, predispõe o desenvolvimento desta forma de diabetes. Sabe-se, também, que determinados grupos étnicos possuem risco aumentado para tal.
Falta de tratamento e consequências são graves
O diabetes preocupa pois, além de ser uma doença silenciosa, causa diversos danos ao portador, levando à problemas oculares, cardiovasculares, renais e etc., diminuindo drasticamente a qualidade de vida e causando outras complicações, como amputações , por exemplo.
Para se detectar o diabetes, não basta fazer um exame de sangue de glicemia em jejum: este serve apenas para verificar, pontualmente, o nível de açúcar no sangue antes da primeira refeição do dia, depois de um determinado período sem se alimentar (em geral, 8 horas). Nesse caso, para o correto rastreamento e controle, é indicado fazer um exame chamado de hemoglobina glicada, o qual tem a capacidade de verificar a média de glicose no sangue nos últimos três meses, dando um panorama melhor de como está o metabolismo do paciente.
Exame de hemoglobina glicada consegue detectar nível glicêmico de cerca de 3 meses, mostrando adesão e eficácia do tratamento. Imagem: PhotoMIX Company.
Funciona assim: dentro dos vasos sanguíneos há uma série de substâncias e células. Uma destas células é a hemácia, cuja função é transportar oxigênio. Como a glicose está sangue, a hemoglobina acaba sendo exposta à ela, e uma determinada quantidade desta glicose se liga à hemoglobina. Logo, quanto maior o nível de açúcar no sangue, maior a quantidade de glicose ligada.
A análise consegue identificar a média de glicose em uma janela maior pois o tempo de vida de uma hemoglobina é de cerca de 120 dias. Por isso que este teste é mais fidedigno e usado não só para identificar se um paciente é portador de diabetes, mas para indicar a adesão e eficácia do tratamento proposto pelo endocrinologista, que é o médico especialista que trata esta doença.
Os parâmetros de hemoglobina glicada podem variar de acordo com a as diretrizes médicas mas, em geral, são:
Até 5.6%: bom controle glicêmico e alvo ideal para não portadores de diabetes;
De 5.7% à 6.4%: pré diabetes. Nessa faixa de valores, há um alerta para que o paciente muda o estilo de vida, evitando o desenvolvimento da doença no futuro.
A partir de 6,5%: Diabético.
Descobrir a doença não é sentença de morte
Quando a hemoglobina glicada está na faixa de 5.7% à 6.4%, o paciente deve, imediatamente, mudar o estilo de vida e os hábitos alimentares, fazendo com que os níveis de açúcar no sangue reduzam e as chances de desenvolver a doença também. A depender da avaliação médica, pode ser necessário fazer uso de medicamentos que vão auxiliar neste processo.
Agora, se você descobriu, recentemente, ser portador do diabetes, é importante manter a calma e, não menos importante, o controle da doença. Existem inúmeros tratamentos bem sucedidos para manter o nível glicêmico na faixa ideal, evitando não só complicações graves como o coma diabético ou cetoacidose diabética (quadros agudos quando há grave desequilíbrio nos níveis de açúcar no sangue), como também o surgimento de outras comorbidades, permitindo ao paciente melhor qualidade de vida.
Controle da glicemia realizado em casa pelo portador de diabetes é fundamental para sucesso do tratamento e prevenção de agravos. Imagem: Los Muertos Crew.
Então, já sabe: melhore a alimentação, levante do sofá e faça uma atividade física e consulte um médico regularmente! Ah, e não deixe de consultar o site da Sociedade Brasileira de Diabetes. Lá você encontra uma série de e-book´s e podcasts para se manter informado!