Glúten: devo parar de consumi-lo para ter uma vida saudável?

O pão é um famoso alimento onde o glúten está presente. Imagem: Noemi Ji/Pexels.

O que é glúten?

O glúten é uma macromolécula formada por duas proteínas — a gliadina e a glutenina — e está presente no trigo e outros cereais. Sua função é conferir elasticidade e estrutura à alguns pratos, como nos casos de pães, bolos e tortas, por exemplo. Está presente, também, na famosa cervejinha gelada do fim de semana, afinal, elas são, em sua maioria, preparadas com centeio, cevada e trigo que, como você acabou de ver, contém glúten. Pode ser usado também na indústria farmacêutica para o preparo de alguns medicamentos e até em cosméticos.

Faz mal para a saúde?

Ao contrário do que é largamente propagado, não há evidências que mostrem que o glúten faz mal à saúde, salvo casos bem específicos, que são:

• Doença celíaca;

• Sensibilidade ao glúten não celíaca e;

• Alergia ao trigo.

Fora estes cenários, retirar o glúten da alimentação por conta própria não vai trazer benefício algum e, ainda pior, te fará mal, já que ele, por ser uma proteína, é responsável por:

• Participar da construção de músculos e outros tecidos;

• Controle da glicemia (nível de açúcar no sangue);

• Regulação dos níveis de colesterol e triglicerídeos;

• Aumento na absorção de vitaminas e minerais;

• e muitos outros.

Muitas pessoas relatam que, após retirá-lo do seu dia a dia, emagrecem mas, na verdade, não há relação. Acontece que, por reduzir o consumo de carboidratos em geral (massas e doces, por exemplo), a perda de peso se torna mais fácil, dando a falsa sensação de que foi provocada pela simples retirada do glúten.

Então, respondendo à pergunta do título deste texto: não, você não deve parar de consumir glúten sem indicação para tal.

Doença celíaca

Como o nome sugere, não trata-se apenas de uma simples alergia e, sim, de uma doença auto imune. O glúten, em contato com a parede intestinal, provoca uma inflamação, fazendo com que anticorpos ataquem as células do intestino, resultando em um achatamento das vilosidades, que é por onde passam os nutrientes de tudo o que comemos. Com isso, há uma deficiência de vitaminas por conta dessa alteração estrutural.

Existem vários subtipos de doença celíaca, mas, em geral, os sintomas incluem diarreia, distensão abdominal, anemia por deficiência de ferro refratária ao tratamento e outros.

Sensibilidade ao glúten não celíaca

Diferentemente do cenário anterior, não há uma doença auto imune que ataca a parede intestinal. Aqui, o corpo também não consegue lidar muito bem com o glúten, mas não há uma resposta do sistema imune, muito menos danos teciduais. Os sintomas são os mesmos relatados na doença celíaca.

O tratamento, em ambos os casos, é a retirada permanente do glúten e, após um período de dieta restritiva, os sinais de melhora começam a aparecer. Pode ser necessária a suplementação de algumas vitaminas e minerais deficientes e remédios para o sistema gastrointestinal.

Alergia ao glúten

Nesse caso específico, o organismo não pode entrar em contato com o trigo. Quando ocorre, há uma série de respostas comuns à processos alérgicos: urticária, rinite, enxaqueca etc. Não necessariamente a pessoa portadora de alergia ao trigo terá problemas ao consumir outros produtos que contenham trigo.

Me sinto cansado e com dores. Pode ser problemas com glúten?

Existem inúmeras razões para estes sintomas. Por isso, é importante que, antes de tomar qualquer decisão em relação à retirada do glúten ou adesão à alguma outra dieta, você procure um médico. Assim, ele vai conseguir direcionar exames específicos para a sua queixa que, com certeza, ajudarão a obter um diagnóstico preciso.

A depender do relato e da apresentação clínica, o encaminhamento para um médico alergista/imunologista é realizado, a fim de que possa ser feito uma série de exames laboratoriais para identificar a presença de anticorpos relacionados à proteína. Além disso, pode ser indicada uma colonoscopia com biopsia para saber como está a parede intestinal.

Tubos de sangue para exames laboratoriais. Imagem: MasterTux/Pixabay.