Choque elétrico e suas consequências
Texto originalmente publicado por Carlos Felipe dos Santos em 19/mar/23.
Disponível em https://medium.com/p/c3960d4d36b
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A energia elétrica foi uma das maiores descobertas da humanidade. É graças a ela que podemos aumentar o tempo de conservação dos alimentos, iluminar as casas e as ruas, ter um banho quente, manter os ambientes confortáveis por meio da climatização, e por aí vai. A eletricidade, porém, tem seus riscos, e o manejo inadequado traz sérias consequências.
O choque elétrico é resultado da passagem da corrente elétrica pelo nosso corpo. Tal ocorrência leva a inúmeras lesões, como queimaduras, fraturas (provocadas pela queda) e a morte (eletrocussão). A gravidade vai depender de fatores como voltagem, corrente elétrica, trajeto, tempo de exposição, condições da pele, etc.
Uma pequena corrente elétrica já é capaz de causar sérios danos. A partir de 1 mA, por exemplo, há distúrbios químicos que nos fazem “agarrar a mão” no condutor elétrico, o que piora a lesão. A partir de 20 mA, pode ocorrer a parada cardiorrespiratória. Com 1A ocorrem queimaduras graves e, nos casos de contato com valores superiores, o óbito.
Erroneamente, acredita-se que a gravidade dos ferimentos está apenas nos pontos de contato (que são visíveis), mas isso não é verdade. O trajeto pode ser inespecífico entre estes pontos e causar danos em diversos órgãos internos. Além disso, correntes de baixa tensão, apesar de provocarem lesões com uma área menor nestes pontos, podem ser agravadas quando em contato com metais, já que estes superaquecem e pioram a queimadura. Já choques provocados por correntes de alta tensão (acima de 1000 volts) podem romper a pele, o que reduzirá a resistência e aumentará a gravidade das lesões, podendo causar queimaduras de terceiro grau (carbonização).
A paralisia muscular ou tetania ocorre pois, o músculo, ao receber a descarga elétrica, se contrai involuntariamente devido à desordem química provocada por ela. Isso explica, portanto, por que a vítima pode deixar de respirar, já que o diafragma, músculo responsável pela respiração, pode deixar, momentaneamente, de movimentar-se.
Ao atingir o coração, a corrente pode levar à cessação das batidas, pois este depende de impulsos elétricos para contrair e relaxar (o que proporciona o movimento do sangue). A passagem de corrente elétrica adicional provoca a geração desordenada destes impulsos elétricos, causando um verdadeiro ‘curto circuito’, levando o coração a fibrilar (tremer), tornando a circulação sanguínea ausente.
Nos casos de fraturas, a depender do osso lesionado, pode-se ter uma grave hemorragia, o que leva à vítima ao óbito em poucos minutos, já que o oxigênio deixa de ser transportado a todas as células e o corpo, então, deixa de produzir energia adequadamente, usando gordura para tal, um modo ineficiente e tóxico de manter o metabolismo.
Quando há queimaduras, os desafios para o primeiro cuidado e tratamento do sobrevivente podem ser desafiadores. Ao atingirem o tórax de forma circunferencial, tornam a pele inelástica, impedindo a respiração. Podem provocar, também, a destruição muscular. Ocorre, neste caso, a liberação de uma substância chamada mioglobina, que, ao atingir a corrente sanguínea, vai para os rins, provocando a obstrução dos mesmos, desenvolvendo um quadro de insuficiência renal aguda.
Entendemos, portanto, que o descuido com os requisitos de segurança podem provocar acidentes com desfechos desastrosos. Logo, atentar-se para as exigências dispostas na Norma Regulamentadora 10 do Ministério do Trabalho e usar adequadamente os EPI´s garantirá a sua segurança.
Para os casos em que a prevenção falhar e for necessário empregar procedimentos de primeiros socorros, devemos:
- desligar a fonte de energia (a vítima, ao deixar de receber a descarga elétrica, deixará de ficar contraída);
- conter sangramento volumoso, como aquele que ocorrem em jatos, que deixa poça ou não cessa sozinho;
- pedir um desfibrilador externo automático e iniciar compressões torácicas caso constate que a vítima inconsciente não respira (não há elevação do tórax) e;
- encaminhar para avaliação médica mesmo nos casos sem suspeita de gravidade, para uma avaliação detalhada, já que lesões podem surgir tardiamente.
Leia todos os procedimentos aqui.